jardim do jojo

Pedra Da Mata, dia 9

// Publicado em: 10 de maio de 2023

Cinco dias desde o meu último relato da vida aqui no Instituto Pedra da Mata, saca só o que anda rolando por aqui.

Nós últimos dias eu tenho esquecido (de propósito?!) meu celular dentro de casa, então quase não tenho fotos. Vocês vão ter que usar a criatividade pra imaginar as situações, ok?

No Sábado fomos pra Cascavel, passamos no Ikigai, a mercearia sustentável, comprar coisinhas e temperinhos. Comi um brownie vegano no MPB Veg que tava uma loucura de delícia. Esses dois espaços são um abraço na alma. Se formos que viver dentro do sistema capitalista, que seja comprando com menos lixo e sem exploração animal.

No Domingo, ainda em Cascavel, fomos pra Feira do Teatro. Lá sempre tem música, arte, artesanato, lojinhas e umas comidinhas. Infelizmente não tem muitas opções veganas, mas não me surpreende muito – a resistência na cidade ainda é pequena. Fomos ao Lago Municipal dar uma voltinha, ver as capivaras e voltamos pro sítio. O resto do dia super preguiçoso.

Na segunda rolou um bolinho de fubá maravilhoso. Seguimos essa receita, mas não assou direito (deveríamos ter deixado mais tempo). Ficou aquela textura entre bolo e pudim (bolim?), mas tava super gostoso de qualquer forma, comi pra valer. O pessoal do sítio também recebeu um casal pra conversar sobre bioconstrução, fizemos uma visita mais técnica na Casa de Barro – onde moram a Eliana e o Günther –, aprendi um pouco como a casa foi construída, detalhes como fluxo de ar, entradas de luz, tamanho das janelas, aquecimento da água e claro, o famigerado teto verde.

Ontem, terça-feira, demos um tapão na horta. Tá rolando uma pequena crise de pulgão, então tivemos que remover algumas plantinhas comprometidas :( O Günther passou um pesticida natural pra tentar controlar, segue a receita:

Pesticida natural contra pulgão:

Nos canteiros limpos, colocamos esterco de galinha curtido por uns dois anos (parece terra preta!), mexemos e cobrimos o solo com serragem de Margaridão. Deixar o solo coberto é a regra número um da agroecologia (na minha humilde opinião). Cubram so solo! Seja com material verde, seco, gramíneas, etc. Solo exposto é solo doente. Também tirei uns rabanetes que deram ruim. Me contaram que foi plantando na época (e na lua) errada. A folhagem estava linda, mas nada cresceu dentro da terra. Virou adubo verde.

Após do almoço colhemos uns abacates (o abacateiro tá um absurdo) e colhemos três bacias CHEIAS de fruta do conde. O pé dessa última tá sobre o Jardim de Ervas e as frutas tem caído em cima das ervinhas com frequência, machucando as plantas, atraindo muitas moscas, abelhas. Caos. Então tiramos tudo o que poderia cair nos próximos dias.

Hoje, depois de algumas tentativas, acertei minha receita de Crepioca vegana. Ficou um absurdo de gostoso. Comecei o dia bem. Minha colega colocou cebolinha pra desidratar no desidratador solar. Que engenhoca maravilhosa. Uma hora escrevo mais sobre ela aqui. No final do dia a cebolinha tava sequinha, pronta pra ir pra um pote de vidro e ficar muito mais gostosa do que congelada no congelador.

O ápice do dia foi passar a tarde na bioconstrução ❤️ Não tirei fotos também, mas não tinha nem como colocar a mão no bolso de tanta terra pra todo lado. Começamos a trabalhar no reboco externo da nova casa de barro aqui do Instituo. Usamos 2 medidas de areia, 1 de argila (peneirada, deixada de molho e peneirada de novo) e 10% de cal e cimento. Em 2 horas de trabalho deu pra cobrir uma boa parte do hiperadobe (quem sabe amanhã eu deixo uma foto por aqui). O processo é de pegar uma bolinha da mistura e esfregar no hiperadobe com a palma da mão, a pá natural da pessoa bioconstrutora. Depois de uma camada fina de meio centímetro, jogar uma água fina sobre o reboco e fazer o trabalho mais delicado de deixar lisinho. É gostoso, divertido, terapêutico, natural e construtivo. O mundo não precisa de tanto aço e concreto, muitas vezes o barro resolve.

De noite rolou uma sopinha mágica pra combater o friozinho do sítio. Será que vamos ter geada essa semana?